Para observadores da cena política local, não seria uma
surpresa se, em sua visita ao Estado de Pernambuco, no final do mês, o
ex-presidente Lula fosse encontrar-se com a ex-primeira dama do Eestado Renata
Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos e uma das pessoas mais influentes
no PSB, embora mantendo sempre muita discrição e agindo apenas nos bastidores.
Na semana passada, com muito alarde, o ex-prefeito de São
Paulo, Fernando Haddad, tido como o plano B de Lula e do PT, já se encontrou
com o governador Paulo Câmara, do PSB, onde foi recebido em almoço no Palácio
do Campo das Princesas. Na Rádio Jornal, questionado pelo Jamildo, Haddad disse que iria
discutir com Paulo projetos para o futuro do Brasil. Não negou uma aliança, nem
admitiu, fazendo questão de lembrar os bons momentos em que Lula chamava
Eduardo Campos de ‘achado de Deus’.
Por sua vez, Paulo Câmara, no meio das polêmicas
reformas, já liberou dois de seus escudeiros na bancada federal, os deputados
Tadeu Alencar e Danilo Cabral, para votar contra as reformas do governo Temer,
fazendo o jogo do PT.
O gesto do ex-presidente no Recife, com Renata Campos,
teria o objetivo simbólico de marcar uma reaproximação entre os aliados
históricos, cuja parceria foi rompida no governo Dilma, quando Eduardo Campos
tentou voo solo e eleger-se presidente da República no pós-Lula. O curioso é
que, nesta época, Eduardo Campos e socialistas diziam que PT e PSB já tinham
dado o que tinham de dar.
De acordo com as análises que são feitas nos bastidores,
PT e PSB estudam neste momento o melhor cenário para as alianças de 2018.
No caso dos socialistas, a reaproximação com o PT seria
importante porque Lula é muito forte eleitoralmente em Pernambuco, em função
das obras que fez ao lado de Eduardo Campos, nos dois governos do PSB com o
socialista vivo. Diante da suposta ‘fragilidade’ de Paulo Câmara,
eleitoralmente, seria importante para o socialista estar no palanque do
petista. Dai dizer-se que uma das correntes estaria fortemente defendendo a
volta ao passado.
Da mesma forma, esse reencontro com o PT estaria sendo
alimentado pela dúvida que assola o PSB. Em crise interna, o PSB não sabe se
ruma com os tucanos paulistas (Geraldo Alckmin) ou não. O partido está dividido
em relação ao tema e esta situação deve ensejar a saída de alguns dissidentes,
como o grupo de FBC, para partidos como Democratas ou PMDB.
No caso da disputa, os petistas avaliam justamente que a
ala do PSB local vai ganhar a quebra de braço contra o cacique Márcio França,
do PSB de São Paulo, vice de Geraldo Alckmin, em São Paulo, mantendo na
presidência do PSB o tarefeiro Carlos Siqueira, mais próximo ao grupo de
Geraldo Julio e Paulo Câmara. Assim, definida a disputa do PSB e o grupo dos
dissidentes saindo, caberia ao PT e satélites apresentá-los como dissidentes à
direita, em uma situação em que o PT poderia relançar pontes para os
socialistas históricos, de olho em uma aliança estratégica para 2018.
Aos poucos, de fato, os palanques vão se formando. Pelo
lado dos dissidentes do PSB, o grupo de FBC já fala abertamente nas eleições de
2018, com um projeto próprio. Nesta quarta-feira, foi mais um dia de campanha
pelo sertão.
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