segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Doceira agrestinense é eleita como Patrimônio Vivo de Pernambuco


Orgulho pernambucano. A doceira do município de Agrestina, Maria Belarmina, de 93 anos, popular “Dona Menininha do Alfenim”, foi eleita no prêmio Patrimônio Vivo de Pernambuco em reunião on-line realizada pelo Conselho Estadual de Preservação do Patrimônio Cultural (CEPPC), nesta sexta-feira, dia 4. Dona Menininha é a única representante do Agreste pernambucano nesta edição. Além disso, em 15 edições do prêmio, esta é a primeira vez que um candidato é eleito na linguagem de gastronomia. A Mestra Menininha agora está entre os 69 “Patrimônios vivos” titulados.

Em virtude da pandemia de Covid-19, a reunião do Conselho para escolha dos novos patrimônios aconteceu de forma virtual, e contou com a presença do secretário de Cultura, Gilberto Freyre Neto, do presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Marcelo Canuto, e mais 16 conselheiros do CEPPC. O Patrimônio Vivo de Pernambuco é de extrema importância para o apoio financeiro e preservação dos saberes das culturas tradicionais e populares pernambucanas.

A candidatura da doceira agrestinense foi incentivada e proposta pela Secretaria de Cultura e Turismo Municipal e Associação das Secretarias de Turismo de Pernambuco (Astur-PE) desde o ano de 2018, quando concorreu ao edital mas não chegou a ser eleita. Uma equipe de profissionais, a contar com o atual secretário municipal de cultura e presidente da Astur em 2018, Josenildo Santos, se empenhou para fazer o Estado reconhecer a importância da salvaguarda desse patrimônio da cultura gastronômica de Pernambuco, que se encontra em vias de extinção.

Após uma série de etapas criteriosas, da inscrição à análise documental. Dona Menininha concorreu com outros 99 candidatos e foi eleita, com base nos critérios de relevância cultural e transmissão de saberes estabelecidos na lei do Registro do Patrimônio Vivo do Estado de Pernambuco (12.196/2002), e por isso receberá o título do Governo do Estado e uma bolsa bolsa mensal vitalícia com valor em dinheiro, como forma de reconhecimento ao seu legado. “Foi um concurso duríssimo e bem qualificado. Estamos orgulhosos em tê-la como parte importante da cultura pernambucana”, afirmou o secretário estadual de Cultura, Gilberto Freyre, sobre a escolha da candidata.

Para a assessora de Gastronomia da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Ana Cláudia Frazão, esse reconhecimento foi mais que necessário. “É um ganho e um avanço no âmbito das políticas culturais, em especial para a gastronomia pernambucana e brasileira. Me comovi desde o primeiro encontro com dona Menininha e toda sua família, comprometidos em não deixar essa história perder a força, tampouco desaparecer”, disse.

O secretário de Cultura e Turismo de Agrestina, Josenildo Santos, destacou o comprometimento da gestão municipal e agradeceu o empenho e a dedicação de todos na candidatura apresentada em 2018 e renovada neste ano. “Terminamos um ciclo na gestão pública e somos agraciados com essa conquista desse título para dona Menininha, para Agrestina, para Pernambuco e para a cultura Brasileira. É um momento de muita alegria e realização”, expressou.

Sobre Dona Menininha:

Dona Menininha, que carrega o nome do seu ofício, é mestre na arte de fazer Alfenim, um doce de origem árabe trazido de Portugal e da Espanha ainda na época do Brasil Colônia. Aos nove anos de idade aprendeu a transformar água, açúcar e algumas gotinhas de limão, nas esculturas de açúcar moldadas em formatos simbólicos à vida simples e rural, que ocupam as memórias mais pueris de quem viveu no interior. O que começou como brincadeira tornou-se um ofício familiar, comandado pela matriarca, que detém o segredo do ponto do doce.

O Alfenim ficou conhecido por sua comercialização nas festas de padroeiros. É uma iguaria de festa santa que caminha há séculos de braços dados com a cultura religiosa. Além de sua comercialização nas festas santas, Dona Menininha era detentora da produção que abastecia as cidades circunvizinhas. Muito mais do que um doce, Dona Belarmina, construiu um pedaço da história de Pernambuco, através de uma relíquia gastronômica que transporta as pessoas de volta a um universo de festas, procissões, parques de diversões e gostosuras.

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