terça-feira, 17 de outubro de 2017

Concurso do TJPE é alvo de críticas;candidatos e professores pedem anulação

Mais de 129 mil candidatos fizeram as provas do concurso do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) no último domingo (15). Os exames, que foram realizados nos turnos da manhã e da tarde pela banca organizadora do Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), foram alvo de críticas pelos candidatos e até pelos professores de cursinhos.
O professor de direito Alexandre Nápoles Filho defendeu que a prova tem que ser anulada. Segundo ele, a folha da redação estava no verso do gabarito, que possuía todas as informações do candidato. "A prova elaborada pela banca da IBFC tem que ser anulada. Isso permite a identificação do candidato pelo examinador e viola o previsto no item 9.2.10 do próprio edital da banca", diz publicação do professor em uma rede social.
No item 9.2.10 do edital diz que "A Folha de Resposta para a Prova Discursiva não permitirá qualquer identificação do candidato, pela comissão de correção, na parte destinada à dissertação, garantindo o sigilo do autor". O professor Alexandre Nápoles classificou o ato como desrespeito. "Um total desrespeito com milhares de candidatos que investiram alto e se dedicaram profundamente", comentou.
A candidata Widma Sandrelly relatou que, no local em que ela realizou a prova, não tinha detector de metal. “Não tinha nenhum tipo de detector no prédio que fiz. Nem no banheiro”, comentou Widma, que fez a prova no Centro Universitário Brasileiro (Unibra), no bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. Ela também informou que a prova começou com mais de 15 minutos de atraso. "Tinha muita gente para entrar no local de prova e atrasou bastante”, comentou Widma, que também apontou problemas em algumas questões da prova. “Tinha uma questão que o assunto não estava no edital”, disse.
Nas redes sociais, candidatos relataram outros problemas: bancas apertadas, lotações nas salas e apenas um tipo de prova. As pessoas acreditam que esses problemas facilitam que alguns candidatos troquem informações entre eles. “Tinha gente que se conhecia e sentava um ao lado do outro. Na sala que fiz, só tinha um fiscal e ele não tinha condições de dar conta, sozinho, de mais de 40 pessoas”, comentou um candidato que preferiu não se identificar.
O Espaço Heber Vieira anunciou que servirá de ponto de apoio aos candidatos que se sentirem lesados. Na secretaria do curso, há um documento formal pedindo a anulação do certame. As assinaturas serão recolhidas até o meio-dia desta terça-feira (17). O Espaço Jurídico informou que também está na defesa da lisura da aplicação do certame e disse que vai disponibilizar as duas unidades para recolhimento de requerimentos administrativos que serão encaminhados para o Tribunal de Justiça de Pernambuco.
“Gostaríamos de registrar também nossa confiança no Tribunal de Justiça de Pernambuco, Corte que se caracteriza pela seriedade e elevado conceito no âmbito nacional e que, confiamos, oferecerá resposta adequada às alegações dos candidatos”, diz o Espaço Jurídico. O curso vai receber os requerimentos até o sábado (20). “Acreditamos que, no momento, precisamos focar no auxílio à elaboração dos recursos o quais tem prazo de interposição até a próxima quarta-feira”.
Ao todo, 179.046 se inscreveram no concurso, mas 49.214 não compareceram para realizar as provas, o que corresponde ao índice de 27,49% de abstenção. Os candidatos concorrem a 109 vagas, além de cadastro de reserva, para os cargos de técnico judiciário, analista judiciário e oficial de justiça. Das vagas ofertadas, 60 são para técnicos de nível médio e 49 para analistas de nível superior.
MPPE
Problemas que atingem todos os candidatos ou um concurso como um todo devem ser manifestados ao Ministério Público de Pernambuco (MPPE). A assessoria do MPPE informou que quem constatou irregularidades deve registrar a manifestação no site www.mppe.mp.br, menu Fale Conosco ou no Cadastrar Manifestação. Após o cadastro da manifestação, será emitido um protocolo para que o candidato acompanhe o processo.
Movimentação
A movimentação de candidatos em torno dos locais de prova foi intensa. No bairro da Boa Vista, por exemplo, houve congestionamento antes e depois da prova. A estudante Widma Sandrelly mora em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e precisou terminar o percurso a pé. 
“Em dia de semana, passo 50 minutos para chegar até a Unibra. No dia do concurso, passei 1h10 dentro do carro e ainda estava longe de chegar ao local da prova. Preferi descer nas imediações do Hospital da Restauração e terminar o percurso a pé”, comentou ela, que também relatou dificuldades ao deixar o local de prova. “O trânsito estava absurdo e nem tinha fiscalização”

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