Mais de 129 mil candidatos fizeram as provas do concurso do
Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) no último domingo (15). Os exames, que
foram realizados nos turnos da manhã e da tarde pela banca organizadora do
Instituto Brasileiro de Formação e Capacitação (IBFC), foram alvo de críticas
pelos candidatos e até pelos professores de cursinhos.
O professor de direito
Alexandre Nápoles Filho defendeu que a prova tem que ser anulada. Segundo ele,
a folha da redação estava no verso do gabarito, que possuía todas as
informações do candidato. "A prova elaborada pela banca da IBFC tem que
ser anulada. Isso permite a identificação do candidato pelo examinador e viola
o previsto no item 9.2.10 do próprio edital da banca", diz publicação do
professor em uma rede social.
No item 9.2.10 do edital diz
que "A Folha de Resposta para a Prova Discursiva não permitirá qualquer
identificação do candidato, pela comissão de correção, na parte destinada à
dissertação, garantindo o sigilo do autor". O professor Alexandre Nápoles classificou
o ato como desrespeito. "Um total desrespeito com milhares de candidatos
que investiram alto e se dedicaram profundamente", comentou.
A candidata Widma Sandrelly
relatou que, no local em que ela realizou a prova, não tinha detector de metal.
“Não tinha nenhum tipo de detector no prédio que fiz. Nem no banheiro”,
comentou Widma, que fez a prova no Centro Universitário Brasileiro (Unibra), no
bairro da Boa Vista, na área Central do Recife. Ela também informou que a prova
começou com mais de 15 minutos de atraso. "Tinha muita gente para entrar
no local de prova e atrasou bastante”, comentou Widma, que também apontou
problemas em algumas questões da prova. “Tinha uma questão que o assunto não
estava no edital”, disse.
Nas redes sociais, candidatos
relataram outros problemas: bancas apertadas, lotações nas salas e apenas um
tipo de prova. As pessoas acreditam que esses problemas facilitam que alguns
candidatos troquem informações entre eles. “Tinha gente que se conhecia e
sentava um ao lado do outro. Na sala que fiz, só tinha um fiscal e ele não
tinha condições de dar conta, sozinho, de mais de 40 pessoas”, comentou um
candidato que preferiu não se identificar.
O Espaço Heber Vieira anunciou
que servirá de ponto de apoio aos candidatos que se sentirem lesados. Na
secretaria do curso, há um documento formal pedindo a anulação do certame. As
assinaturas serão recolhidas até o meio-dia desta terça-feira (17). O Espaço
Jurídico informou que também está na defesa da lisura da aplicação do certame e
disse que vai disponibilizar as duas unidades para recolhimento de
requerimentos administrativos que serão encaminhados para o Tribunal de Justiça
de Pernambuco.
“Gostaríamos de registrar
também nossa confiança no Tribunal de Justiça de Pernambuco, Corte que se caracteriza
pela seriedade e elevado conceito no âmbito nacional e que, confiamos,
oferecerá resposta adequada às alegações dos candidatos”, diz o Espaço
Jurídico. O curso vai receber os requerimentos até o sábado (20). “Acreditamos
que, no momento, precisamos focar no auxílio à elaboração dos recursos o quais
tem prazo de interposição até a próxima quarta-feira”.
Ao todo, 179.046 se inscreveram
no concurso, mas 49.214 não compareceram para realizar as provas, o que
corresponde ao índice de 27,49% de abstenção. Os candidatos concorrem a 109
vagas, além de cadastro de reserva, para os cargos de técnico judiciário,
analista judiciário e oficial de justiça. Das vagas ofertadas, 60 são para
técnicos de nível médio e 49 para analistas de nível superior.
MPPE
Problemas que atingem todos os
candidatos ou um concurso como um todo devem ser manifestados ao Ministério
Público de Pernambuco (MPPE). A assessoria do MPPE informou que quem constatou
irregularidades deve registrar a manifestação no site www.mppe.mp.br, menu Fale
Conosco ou no Cadastrar Manifestação. Após o cadastro da manifestação, será
emitido um protocolo para que o candidato acompanhe o processo.
Movimentação
A movimentação de candidatos em
torno dos locais de prova foi intensa. No bairro da Boa Vista, por exemplo,
houve congestionamento antes e depois da prova. A estudante Widma Sandrelly
mora em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, e precisou terminar o percurso a
pé.
“Em dia de semana, passo 50
minutos para chegar até a Unibra. No dia do concurso, passei 1h10 dentro do
carro e ainda estava longe de chegar ao local da prova. Preferi descer nas
imediações do Hospital da Restauração e terminar o percurso a pé”, comentou
ela, que também relatou dificuldades ao deixar o local de prova. “O trânsito
estava absurdo e nem tinha fiscalização”
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