O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), em conjunto com a Promotoria de Justiça Eleitoral da 41ª Zona Eleitoral e as Polícias Civil e Militar, deflagrou na manhã desta quinta-feira (6) a Operação Domicílio Fantasma, que investiga um esquema de corrupção eleitoral e fraude em transferências de domicílio no município de Riacho das Almas, no Agreste pernambucano.
Segundo o MPPE, a operação cumpre 16 mandados de busca e apreensão nas cidades de Riacho das Almas e Caruaru. Entre os alvos estão vereadores eleitos, suplentes e candidatos a cargos eletivos suspeitos de integrar uma organização criminosa voltada à manipulação do eleitorado local.
As investigações apontam que o grupo cooptava eleitores com ofertas em dinheiro e promessas de vantagens futuras, transferindo seus títulos eleitorais para Riacho das Almas com o objetivo de fraudar as eleições municipais de 2024. Até o momento, já foram identificados mais de 700 eleitores que teriam sido aliciados pelo esquema.
De acordo com o coordenador do Gaeco, promotor Roberto Brayner, os suspeitos atuavam de forma estruturada e usavam tecnologia para burlar o sistema da Justiça Eleitoral.
“Em troca da oferta em dinheiro, a organização obtinha documentos pessoais e ‘selfies’ dos eleitores. De posse desse material, um núcleo operacional submetia requerimentos de transferência em massa pelo sistema Título Net, utilizando comprovantes de residência falsificados para ludibriar a Justiça Eleitoral”, explicou o promotor.
Os investigados poderão responder pelos crimes de organização criminosa, inscrição fraudulenta de eleitor, corrupção eleitoral, falsificação de documento e uso de documento falso. Somadas, as penas podem ultrapassar 27 anos de prisão, além de inelegibilidade para os envolvidos.
Durante as buscas, foram apreendidos dispositivos eletrônicos, documentos e dinheiro em espécie. O material será analisado na sede do Gaeco Agreste, em Caruaru, e deve servir para aprofundar as investigações sobre a atuação do grupo político que teria se beneficiado do esquema.
A operação reforça o cerco do Ministério Público e da Justiça Eleitoral contra fraudes no processo democrático, especialmente em municípios do interior, onde a manipulação de eleitores ainda é uma prática recorrente. Os nomes dos políticos não foram divulgados.

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