terça-feira, 18 de abril de 2017

Delatores negam que as doações a Bruno Araújo tenham sido propina

 A tarefa de jornalista e de analista não é torcer. Também não é se comportar como justiceiro. Há um esforço permanente e nefasto para demonizar a política, levada a efeito por alguns vigaristas, cuja moralidade está se revelando aos poucos, não é mesmo? Este post vai tratar da delação que cita Bruno Araújo (PSDB-PE), atual ministro das Cidades. Antes, algumas considerações e lembranças.
Cumpro aquela que entendo ser a minha função. Quando os delatores dizem que pagaram caixa dois a esse ou àquele político, dou o devido destaque. Mas também relevo o conteúdo das delações quando estas negam que a pessoa A ou B tenha oferecido contrapartidas.
Isso é fundamental. Já chamei atenção para as delações de Benedicto Júnior (sobre Geraldo Alckmin e Eduardo Paes), Pedro Novis (sobre José Serra) e Mário Amaro da Silveira (sobre Kátia Abreu). Todos eles disseram ter feito, sim, doações às respectivas campanhas dos políticos citados. Mas também asseveraram que não se tratou de uma troca.
Se o Ministério Público não conseguir provar o contrário, não poderá acusar esses políticos de corrupção passiva, por exemplo. Mas anotem aí: mesmo assim, o órgão vai tentar. E espero que o Judiciário cumpra a sua função: recusar a denúncia. Só que isso é um desserviço para o país porque fica parecendo que a Justiça atua em favor da impunidade.
De volta a AraújoAbaixo, há o trecho do depoimento do delator João Pacífico, um dos delatores da Odebrecht, sobre as relações com Bruno Araújo.

Caminhando para a conclusão 

Acho que já está bom, não? Pacífico diz que a Odebrecht fez duas doações — R$ 300 mil cada —, pelo caixa dois, para campanhas eleitorais de Bruno. Mas nem ele nem Melo Filho relatam qualquer contrapartida do parlamentar pernambucano e agora ministro. Nada! Note-se: Marcelo Odebrecht, que tem hoje poder de vida e morte sobre os políticos, disse com todas as letras: há políticos honestos que receberam pelo caixa dois — e, pois, o dinheiro não era propina. E há desonestos que levaram propina pelo caixa um, com doações registradas. A Justiça garante a todos os mesmos direitos. E, por isso mesmo, tem de tratar desigualmente os que foram tornados desiguais em razão dos crimes que cometeram. O que vai acima relata, sim, caixa dois, mas não corrupção. Jornalista tem de jogar para os fatos. Não para a torcida.

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