Rompimentos de barragens no Brasil, tal como aconteceu
com a de Brumadinho ontem, em Minas Gerais, têm sido tragédias anunciadas. O
último Relatório sobre Segurança de Barragens, divulgado no fim de novembro do
ano passado pela Agência Nacional de Águas (ANA), listava pelo menos 45
barragens com grande risco de rompimento, quase o dobro do número registrado no
ano anterior. Em Pernambuco, Jucazinho, em Surubim, é a única no documento em
situação de alerta de risco. O problema é que Jucazinho é o maior reservatório
para abastecimento humano do Agreste, com capacidade para armazenar mais de 327
milhões de metros cúbicos de água, e o terceiro do estado. Segundo o corpo
técnico do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs), num cenário
de rompimento de Jucazinho, o estrago poderia se propagar até o Recife com o
reservatório cheio, mas o volume atual é de apenas 3,2% de sua capacidade
diminuindo o risco de tragédia.
De acordo com o relatório, entre os problemas estruturais
importantes identificados em Jucazinho, que impactam na segurança do
reservatório, foram observadas fissuras nos vertedouros laterais e nas
ombreiras e a bacia de dissipação não é capaz de sustentar a vazão de água do
rio. Ou seja, em períodos de chuvas intensas, há grande possibilidade de
rompimento da barragem. O relatório também identificou que o Dnocs não tem
Plano de Ação de Emergência para o caso de uma possível tragédia e que a
situação de risco da barragem já é conhecida pela diretoria-geral do Dnocs
desde 2004, inclusive com a demonstração de dados de engenheiros da própria
autarquia. Outros órgãos também estão cientes da situação de Jucazinho como a
Compesa, a Secretaria estadual de Recursos Hídricos e a Agência Pernambucana de
Águas e Climas (Apac), responsável pela fiscalização.
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