Pernambuco tem 23 municípios com até 12 mil habitantes que
não conseguem ter receita própria nem para pagar os salários dos prefeitos,
funcionários e das Câmaras de Vereadores, segundo o estudo Criação de
Municípios: Mais Impostos e Menos Serviços à População, elaborado pela
Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan).
Em todo o País, 1.872 cidades – com o perfil populacional
exigidos no Projeto de Lei Complementar (PLC) 137/2015 – estão na mesma
situação. O PLC citado pretende regulamentar a criação de novos municípios. “O
nosso objetivo foi trazer a discussão se o surgimento de mais cidades traz
benefícios às pessoas. Além deles serem insustentáveis, os recursos destinados
a essas prefeituras poderiam ir para outros municípios, que investiriam em
áreas como saúde, educação, entre outras”, conta a economista da Firjan Nayara
Freire.
E a conta paga pelas 1.872 cidades não é pequena. Por ano,
elas gastam R$ 6,9 bilhões para bancar os salários e as estruturas
administrativas da prefeitura e do Legislativo. Os municípios cobram impostos
como o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), o Imposto sobre Serviços
(ISS) e taxas. Eles recebem repasses do Fundo de Participação dos Municípios,
alimentado por impostos federais e por uma cota do Imposto de Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), recolhido pelo Estado.
“É bem preocupante a situação da maioria dos municípios
brasileiros. Como não têm receitas próprias, eles passam a depender das
transferências do Estado ou da União. No momento em que ocorre uma queda na
arrecadação de tributos federais, essas cidades ficam muito vulneráveis, porque
dependem de outros entes federados”, argumenta Nayara. Isso explica por que uma
parte dos municípios passa por uma grave crise financeira.
Ainda no estudo, os municípios pernambucanos que têm os
menores percentuais de geração de receita própria para bancar suas contas
são: Maraial (6,67%), Belém de Maria (12,36%), Jaqueira (13,56%)
e Palmeirina (18,08%), localizados na Mata Sul de Pernambuco. “Esses
percentuais significam o quanto a receita própria dessas cidades cobrem o gasto
com a máquina pública delas”, afirma Nayara.
CRITÉRIO
O estudo usou o critério das cidades com até 12 mil
habitantes no Nordeste, 6 mil no Norte e Centro-Oeste e 20 mil no Sul e Sudeste
porque esses são os limites estabelecidos no PLC 137/15 para regulamentar a
criação de novas cidades no Brasil.
Atualmente, 3.056 municípios existentes no País não
atenderiam a esses pisos populacionais, segundo a Firjan.
O outro critério que o PLC exige é de que os municípios
sejam independente na geração de receita.
Mesmo com esses requisitos, a expectativa é de que sejam
criados mais 400 novos municípios em todo o País, caso o PLC seja aprovado.
Por enquanto, ele continua em tramitação na Câmara dos
Deputados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário