domingo, 6 de agosto de 2017

MPPE ouve jovem que acusa lider de igreja de estupro corretivo em Pernambuco

Uma jovem que teria sido estuprada por um integrante da Igreja Batista de Rio Doce, Olinda, compareceu acompanhada de seus pais, nesta sexta-feira (4), à Sede das Promotorias do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na cidade. Ela se reuniu com a promotora de Justiça Henriqueta de Belli e advogados da Organização Não Governamental (ONG) Gestos e do Instituto Boa Vista para relatar o caso e entregar uma declaração de acompanhamento psicológico, que será anexada aos autos do processo.
A ação judicial tramita, desde março de 2017, na 3ª Vara Criminal de Olinda. “A ideia da reunião foi informar e convocar a sociedade civil, por meio das ONGs que trabalham com violação de direitos humanos, femininos e LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais) e pela imprensa, para dar ciência do julgamento do mérito, que dever ocorrer em breve. Além disso, a audiência do caso ocorrerá ainda esse mês”, revelou a promotora de Justiça Henriqueta de Belli.
A jovem conta que o estupro ocorreu em 28 de dezembro de 2015. No entanto, ela somente contou aos pais em março de 2016, quando soube que uma outra mulher havia sido vítima de abuso cometido pelo mesmo homem. O MPPE recebeu os autos da Polícia Civil com indiciamento por estupro e fez a denúncia em setembro de 2016.
Segundo a garota, o acusado foi até a casa dela sob o pretexto de chamá-la de volta às atividades de culto, das quais ela havia se afastado. Ele alegava que havia o burburinho de que ela estaria de namoro com outra mulher. Na ocasião, os dois estavam sozinhos na casa e o acusado teria pedido para ir ao banheiro. De lá, ele teria saído nu e com o pênis ereto, inclusive usando preservativo. O homem arrastou-a para o quarto e iniciou a prática da violência sexual, alegando que o estupro seria “para ela começar a gostar de homem”. A moça lutou muito e conseguiu, ao menos, evitar a penetração.

“O acusado, durante o ato sexual cometido mediante violência, afirmou que estava fazendo aquilo para ver se a vítima deixava de gostar de meninas. Além disso, a ameaçou, ordenando que a mesma ficasse calada, já que ninguém acataria a versão dela sobre estupro. Ela disse que ficou, por meses, tomada por angustia e pânico, escondendo-se todos, até que revelou a duas amigas que a incentivaram a buscar ajuda junto aos pais e Polícia. Desde então, a vítima e familiares passaram a sofrer na comunidade, igreja e demais locais, todo tipo de constrangimentos e ameaças, tendo o acusado lhe remetido recados intimidatórios através de terceiros e de parentes. A jovem, acompanhada dos pais, procurou providências junto à Justiça, porém a prisão preventiva decretada em desfavor do mesmo durou apenas alguns dias”, lamentou a promotora.
No relato ao MPPE, a moça chorou muito e se declarou perseguida pelos fiéis da igreja, que defendem o religioso. “Ela conta que vive sendo xingada em locais públicos e até mesmo na escola”, pontuou a promotora de Justiça Henriqueta de Beli. Ainda denunciou que ele tentou atropelá-la há algum tempo. A perseguição promovida pelo religioso teria durado alguns meses, até ele ser preso preventivamente em 17 de julho passado. Porém o acusado foi solto na última quarta-feira (2), por efeito de liminar.

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